Com 9 altas em 10 pregões, Ibovespa sobe mais de 5% pela 2ª semana; dólar cai 3%

Com corte de rating já precificado, índice quebra tendência de baixa e se aproxima dos 50 mil pontos com otimismo dos investidores com queda de aprovação de Dilma e capitais da Rússia

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – A realidade da Bovespa começa a dar sinais de mudança ao final de sua segunda semana seguida de ganhos acumulados. Nesta sexta-feira (28), o Ibovespa celebrou uma alta semanal de 5,04%, a 49.768 pontos ao terminar o dia com ganhos de 0,24%, em seu 9ª pregão positivo em 10 dias. Desta forma, o índice alcançou seu melhor patamar desde 15 de janeiro, quando fechou nos 50.105 pontos. Apesar do corte do rating brasileiro no começo da semana, o desempenho do benchmark da bolsa brasileira refletiu o otimismo dos investidores com a queda da aprovação da gestão da presidente Dilma Rousseff, apresentada na véspera pelo Ibope/CNI, além da fuga de capitais estrangeiros da Rússia para a Bovespa.

Para a equipe de análise da XP Investimentos, o noticiário da Rússia contribui para que os “gringos” deixem posição lá para entrar com mais ímpeto em outros mercados – e um dos escolhidos acabou sendo o Brasil, decisão reforçada com a nova pesquisa Ibope/CNI, que mostrou a gestão da presidente Dilma com 36% de aprovação, ante 43% registrados na última pesquisa.

Com isso, o mercado brasileiro viu a bolsa registrar um aumento em seu volume financeiro – movimento que se intensificou na véspera. Nesta sexta-feira, o giro financeiro da Bovespa foi de R$ 7,06 bilhões, enquanto na última quinta-feira, o volume foi de R$ 10,39 bilhões – quase o dobro da média dos últimos 21 pregões.

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Nem mesmo o corte do rating soberano do Brasil de BBB para BBB-, anunciado pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s no começo da semana, foi capaz de mudar os ânimos do mercado na semana. Segundo especialistas do mercado, tal evento já estava precificado nas ações da Bovespa, uma vez que a preocupação das agências de rating com a “falta de comprometimento” – conforme apontou a própria S&P – do governo com a questão fiscal já era visível.

Nesta data, também chamou a atenção o resultado do setor público de fevereiro, que ficou acima do esperado do mercado pelo mercado ao apresentar um superávit primário de R$ 2,13 bilhões no mês. O déficit nominal do setor público somou R$ 161,86 bilhões em 12 meses até fevereiro. Também vale destacar o IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado), que acelerou alta para 1,67% em março, ante elevação de 0,38% em fevereiro.

Dólar cai 3% e renova mínima
Acompanhando o momento de euforia do mercado, o dólar renovou por diversas vezes na semana sua mínima do ano. Entre os dias 24 e 28 de março, a moeda americana mostrou desvalorização acumulada de 3,05% ante o real, terminando o período cotada a R$ 2,2594. Nesta sexta-feira, a desvalorização da divisa foi de 0,38%.

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Destaques do pregão
No noticiário corporativo, chama a atenção o resultado da Rossi Residencial (RSID3, R$ 1,76, +6,67%), que teve lucro líquido de R$ 2,5 milhões de reais entre outubro e dezembro, ante prejuízo de R$ 338,4 milhões um ano antes. Enquanto isso, a Eletrobras (ELET3, R$ 6,30, -0,94%; ELET6, R$ 10,78, +1,70%) registrou um prejuízo de R$ 6,287 bilhões em 2013 e de R$ 5,5 bilhões no trimestre. A companhia divulgou a proposição do pagamento de juros sobre o capital próprio referentes ao ano de 2013.

Em meio a noticiário conturbado, a Oi (OIBR4, R$ 3,23, +1,57%) informou que enviará à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), o mais rápido possível, os esclarecimentos para retomar sua oferta pública de ações. A operação foi suspensa por 30 dias depois de declarações dadas à imprensa ontem pelo presidente da companhia, Zeinal Bava.

Destaque ainda para o leilão da usina de Três Irmãos (SP), a primeira a ser devolvida à União por um concessionário. A Novo Oriente ganhou o leilão, apresentando proposta que não teve deságio. Atualmente, a Três Irmãos é operada pela Cesp (CESP6, R$ 26,33, +0,88%), geradora de energia controlada pelo governo do Estado de São Paulo.

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Ainda nessa sessão, também vale destacar a virada das ações da Petrobras (PETR3, R$ 15,01, +1,28%; PETR4, R$ 15,66, +0,58%), dando sequência às fortes altas da véspera. Os papéis da estatal estão na lista dos 3 que mais se valorizaram na semana – ganhos acumulados de 11,70% e 11,19%, para os preferenciais e ordinários, respectivamente – acompanhados pelas ações ordinárias do Bradesco (BBDC3, R$ 33,22, -0,54%), que registraram alta de 12,99% no período.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 RSID3 ROSSI RESID ON 1,76 +6,67 -13,73 13,97M
 PDGR3 PDG REALT ON 1,40 +3,70 -22,65 106,49M
 BRML3 BR MALLS PAR ON 19,05 +3,53 +11,73 88,43M
 GOLL4 GOL PN N2 11,13 +3,15 +6,20 15,61M
 ESTC3 ESTACIO PART ON 22,24 +3,06 +8,97 86,15M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

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 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 BRFS3 BRF SA ON 45,20 -2,80 -7,43 132,81M
 SANB11 SANTANDER BR UNT ED N2 12,12 -2,26 -0,55 49,85M
 CSNA3 SID NACIONAL ON 9,89 -2,08 -31,22 64,13M
 LIGT3 LIGHT S/A ON 18,65 -1,37 -15,69 20,75M
 BBAS3 BRASIL ON 22,22 -1,29 -6,85 139,59M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram :

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN 15,66 +0,58 653,59M 527,14M 60.364 
 ITUB4 ITAUUNIBANCO PN 33,24 -0,60 426,09M 312,47M 24.472 
 VALE5 VALE PNA 27,81 -0,14 347,21M 447,54M 31.292 
 BBDC4 BRADESCO PN 30,70 +0,23 336,48M 251,86M 24.141 
 PETR3 PETROBRAS ON 15,01 +1,28 210,72M 184,63M 21.002 
 BBSE3 BBSEGURIDADE ON 24,15 0,00 186,58M 135,71M 24.739 
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 10,95 +1,86 181,88M 118,90M 21.201 
 VALE3 VALE ON 31,01 -0,32 165,00M 163,90M 14.258 
 BBAS3 BRASIL ON 22,22 -1,29 139,59M 177,28M 15.850 
 CCRO3 CCR SA ON 17,31 +1,23 138,71M 83,52M 17.771 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão) 

Outros destaques
O dia também foi positivo nas bolsas internacionais, com os três principais índices acionários dos Estados Unidos terminando o dia com altas entre 0,1% e 0,5%. Por lá, o PCE (Preços de Gastos com Consumo Pessoal) teve leve alta de 0,1% em janeiro, enquanto o núcleo do índice avançou 0,1%. Em termos anuais, o PCE teve alta de 1,1%, enquanto a meta do Federal Reserve é de 2%.

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Já os gastos com consumo pessoal dos norte-americanos subiram 0,3% em fevereiro ante janeiro, indicando que a recuperação dos EUA ganha forças. Enquanto isso, a renda pessoal teve alta de 0,3% em fevereiro, levemente acima da previsão de 0,2%. Já o sentimento do consumidor feito pela Universidade de Michigan ficou em linha com o esperado pelo mercado.

Na Ásia, dados divulgados nesta sexta-feira sinalizaram que o país está combatendo a deflação e animou os investidores. O índice de inflação ao consumidor subiu para 1,3% em fevereiro, na comparação anual, e ficou em linha com as expectativas do governo. Já as vendas ao varejo cresceram 3,6% em relação ao ano anterior, superando as estimativas do mercado.

Já na China, o premiê Li Keqiang afirmou que o governo vai implementar medidas direcionadas para ajudar a economia, aumentando os rumores de que o governo irá injetar estímulo.

Na Europa, com a notícia de que o número de tropas russas aumentou perto da fronteiras da Ucrânia, o impasse da Crimeia continuou no radar. Do lado macroeconômico, o índice que mede os gastos dos consumidores atingiu 0,7%, ficando abaixo das estimativas do mercado. Já na Espanha, as vendas no varejo a caíram para 0,5% em fevereiro, em seu ritmo mais rápido desde dezembro. No Reino Unido, o PIB cresceu 0,7% no último trimestre de 2013.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.